Simetria é uma noção cultural, antes mesmo de ser uma noção matemática, que nos permite expressar equilíbrio, equidade e harmonia em diversos âmbitos da vida: "simetria dos versos de um poema", "simetria das curvas arquitetônicas", "simetria ou assimetria entre diferentes nações"...
Não a toa, a primeira acepção de simetria apresentada no dicionário Houaiss Eletrônico (2009) é: "conformidade, em medida, forma e posição relativa, entre as partes dispostas em cada lado de uma linha divisória, um plano médio, um centro ou um eixo". De fato, a noção mais intuitiva e fundamental de simetria, para a maior parte das pessoas, parece estar relacionada à simetria de reflexão, tendo por base a observação de elementos naturais, incluindo o próprio rosto humano.
Simetria de reflexão observável nas asas de uma borboleta
Mas... será que nosso rosto é perfeitamente simétrico? Ou ainda: será que a simetria é um pré-requisito da beleza humana?
A série Symmetrical Portraits, do fotógrafo Julian Wolkenstein, mostra que a beleza não pode ser reduzida a um atributo pré-determinado, mesmo no caso de um atributo tão fundamental como a simetria. Ele fotografou diversos rostos humanos e depois fez montagens, espelhando ora o lado direito, ora o lado esquerdo do rosto.
Veja alguns resultados:
Pra encerrar este post, deixo a provocação do próprio fotógrafo (tradução livre):
"Como você definiria a sua aparência? Quais são as coisas que fazem você se parecer com você - suas características de identificação? Se você for simétrico, você se considera mais bonito, menos bonito ou apenas estranho? Você se pareceria com você mesmo?" (Julian Wolkenstein)
Se você quer se aprofundar no estudo matemático das simetrias, consulte o capítulo de Transformações Geométricas do projeto Um Livro Aberto de Matemática, escrito por mim e pela profa. Cláudia Cueva Candido (IME - USP) em 2020.
Outras referências:
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