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Foto do escritorAline Matheus

Júlio, Malba Tahan e a arte de contar histórias

Atualizado: 1 de jun. de 2021

O professor Júlio César de Mello Souza (1895 - 1974), sob o heterônimo Malba Tahan, escreveu narrativas fabulosas, cheias de matemática. Seu livro mais famoso, "O homem que calculava", narra as aventuras de Beremiz Samir, que resolve problemas diversos, usando astúcia e matemática. O livro, original de 1938, nunca deixou de ser reeditado e já foi publicado em diversos idiomas.

A história de Júlio com as narrativas começou cedo, quando ainda era um menino na cidade de Queluz (SP), onde passou a infância. Filho de professores, ele ajudava nas aulas de sua mãe, dona Sinhá, e, logo logo, começou a ser requisitado para contar histórias. Aos doze anos, começou a produzir a "Revista ERRE", escrita a mão, que circulava entre as crianças da cidade.

Mais adiante, descobriu que a fabulação poderia sair das páginas do papel e abarcar a própria autoria das narrativas. Depois de ter alguns contos ignorados pelo editor do jornal "O imparcial" - onde trabalhava como tradutor e office boy, por volta de 1918 - resolveu reapresentá-los com sendo de autoria de um tal R. V. Slade, suposto escritor americano traduzido por ele. Deu certo.

Como sabemos hoje, parece que Júlio tomou gosto pela coisa. De R. V. Slade para a criação de Malba Tahan, não estamos tão longe, embora ainda seja necessário acrescentar a paixão pela matemática e pela cultura árabe. Para quem quiser saber mais, sugiro a riquíssima palestra de seu sobrinho-neto, o prof. Pedro Paulo Salles (ECA-USP): "De Salomão IV a Malba Tahan".

Já consagrado como professor e escritor, em 1956, Júlio ministrou um curso na PUCRS sobre a "Arte de contar histórias". Os materiais utilizados foram reunidos em um livro, publicado em 1957: "A arte de ler e de contar histórias". E, logo na abertura desse livro, há uma pérola, a narrativa intitulada "Uma fábula sobre a fábula", que é eloquente em mostrar que as histórias são poderosas para incutir ideias e conhecimentos que, de outra forma, pareceriam demasiado áridos. Júlio sabia disso muito bem e usou as narrativas com maestria, para divulgar a matemática para uma legiões de fãs.

Em 2016, quando eu atuava como educadora no CAEM-IME-USP, tive o prazer de colaborar na primeira edição da Virada Malba Tahan, na qual fomos agraciados com a presença da contadora de histórias Regina Machado, que contou lindamente "Uma fábula sobre a fábula". Fiquei encantada e nunca mais esqueci que, muitas vezes, é a fantasia, a fábula, que permite nosso encontro com a verdade e que nos faz aprender.

Na rede, encontrei outra bela narração dessa mesma história, por Miriam Fontana. Apreciem!




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